O meio ambiente numa visão humanística...
O uso do poder pode cegar e nos afastar da ética do
cuidado. O que causa medo e apreensão é
o poder que grandes corporações exercem sobre o uso dos recursos naturais. Se
esses grupos privilegiados, detentores da tecnologia genética, agirem
sem escrúpulos, desprovidos de ética uniformizar para exercer o monopólio e o
controle agrícola, poderemos estar acionando o comando da destruição.
Vejamos: se pudermos obter um amplo conhecimento de uma
determinada espécie em nossos laboratórios, poderíamos descobrir, através da
herança genética, as doenças que elas poderiam sofrer no decorrer do seu ciclo
de vida. Dessa forma seria fácil criar um antídoto para combater a doença.
Logicamente, a fórmula seria guardada a sete chaves para
que pudéssemos obter lucros exorbitantes com a venda do veneno. Mas para
que isso ocorresse, seria necessário desaparecer com algumas espécies
resistentes às pragas e doenças; assim seria mais fácil manter o monopólio e,
consequentemente, nossos concorrentes estariam fadados ao fracasso.
Nem todos possuem o caráter e a hombridade de um Albert
Sabin, que criou a vacina contra a paralisia infantil e a disponibilizou para
que todos pudessem ter acesso, em um gesto humanitário que poderia servir de
exemplo para outras grandes descobertas da medicina que, infelizmente, são monopolizadas
por laboratórios pouco humanistas e que têm o lucro como único objetivo.
Seria um exagero de minha parte se não reconhecesse os
feitos benéficos da ciência em várias áreas. Assim como existem monopólios que
visam apenas o lucro, existem pesquisadores comprometidos com o futuro da
humanidade.
No campo das ciências agrárias um dos grandes feitos já
citado anteriormente é o das descobertas
feitas pela engenharia genética. Aprofundaram seus conhecimentos chegando ao
DNA das plantas. Com isso criaram espécies mais resistentes as intempéries, a
pragas e doenças e acrescentaram determinadas vitaminas ausentes em algumas
espécies promovendo maior produtividade por hectare de terra cultivada.
Porém no passado essas pragas e doenças não existiam em
função da abundância de alimentos e espécies variadas o que atraía predadores
naturais. Por sua vez a produção também era abundante já que o solo não era
cultivado exaustivamente e as exigências de nutrientes variavam de uma espécie
para outra.
O homem "sábio" descobriu que ao banir o sistema de policultura
poderia praticar a monocultura, monopolizando um determinado produto e, ao
mesmo tempo, teria à disposição um batalhão de famintos desempregados que
poderiam ser recrutados como mão-de-obra escrava ou barata.
Ao praticar
métodos modernos na monocultura, muitos desses importados das economias mais
avançadas tecnologicamente, houve uma aceleração da destruição do solo, da
vegetação, alterações climáticas e o desaparecimento da biodiversidade.
A paisagem em boa parte da região sudeste do Brasil está
dominada por cana-de-açúcar e soja. A prática da monocultura favorece o
aparecimento de pragas e doenças por haver uma uniformização das espécies.
Esse processo pode causar grandes prejuízos quando uma
determinada produção é afetada por doenças ou atacada por pragas.
É preciso garantir alta produtividade, não para alimentar
um batalhão de famintos, mas para garantir o abastecimento dos mercados dos
países mais abastados. Infelizmente, pobres plantam para alimentar ricos, e
estes plantam para alimentar animais.
Por tradição, boa parte do arroz ainda é cultivado em
países asiáticos como China, Índia, Camboja, Vietnã. Esses por sua vez são
lembrados quando o mundo enfrenta uma crise de desabastecimento de alimento.
Em sua maioria quem detém o poder não cultiva arroz e
feijão; cultiva soja para alimentar animais.
Para justificar a prática da monocultura afirma-se que
facilita o controle e mantém o terreno livre das invasoras e dos
animais.
Porém sem as ditas invasoras, as culturas, não
resistindo às pragas e doenças, necessitaram de defensivos agrícolas (venenos) poderosos.
Fato esse relatado no livro de Rachel Carson A primavera
silenciosa. lançado em 1962.
A autora mostrou como o DDT penetrava na cadeia alimentar
e se acumulava nos tecidos gordurosos dos animais, inclusive do homem (chegou a
ser detectada a presença de DDT até no leite humano!), com o risco de causar
câncer e doenças genéticas. A grande polêmica movida pelo instigante e provocativo
livro é que não só ele expunha os perigos do DDT, mas questionava de forma
eloquente a confiança cega da humanidade no progresso tecnológico. Dessa forma,
o livro ajudou
a abrir espaço para o movimento ambientalista que começava
a emergir. (JACOBI, 2005, p.237). Esse produto foi retirado do mercado somente
depois de causar sérios danos à saúde humana, pois o homem sábio não
detectou, em seus magníficos laboratórios, tais malefícios.
O homem, em sua “infinita” sabedoria, não pensou
que Deus, criou as ervas, frutos etc. para servirem de alimento para todos, pobres
e ricos. A ganância desenfreada direcionou sua visão capitalista para o lucro,
retirando dos mais pobres seu único meio de subsistência, a agricultura de fundo
de quintal.
“Quando, no teu
campo, segares a messe e, nele, esqueceres um feixe de espigas, não voltarás a
toma-lo; para o estrangeiro, para o órfão e para a viúva será; para que o
SENHOR, teu Deus, te abençoe em toda obra das tuas mãos. Quando sacudires a tua
oliveira, não voltarás a colher o fruto dos ramos; para a viúva será. Quando
vindimares a tua vinha, não tornarás a rebuscá-la; para o estrangeiro, para o
órfão e para a viúva será o restante.
Lembrar-te-ás de que
foste escravo na terra do Egito; pelo que te ordeno que faças isso”.
(Deuteronômio 25:19, 22)
Multidões de famintos ocupam os becos das cidades e, pelos
cantos, recolhem migalhas e sobras que são disputadas palmo a palmo com outros
animais. E, por ironia, somos diferenciados desses apenas pelas características
físicas, porém diante do Criador somos todos iguais...
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